23 de set. de 2025
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Imagine um hospital onde os médicos têm acesso, em tempo real, ao histórico completo de cada paciente, sem precisar recorrer a pilhas de papéis, múltiplos sistemas ou telefonemas intermináveis para outras instituições. Um lugar em que exames feitos em clínicas externas se integram automaticamente ao prontuário eletrônico, reduzindo retrabalho, erros e custos. Essa não é apenas uma visão futurista: é a promessa da interoperabilidade na gestão hospitalar, conceito que vem ganhando relevância à medida que a saúde se torna mais digital, conectada e orientada por dados.
O que é a interoperabilidade na saúde?
De maneira direta, interoperabilidade é a capacidade de diferentes sistemas e softwares trocarem informações entre si, de forma segura, estruturada e compreensível. Na prática hospitalar, significa que o prontuário eletrônico, o sistema de faturamento, o laboratório de análises clínicas, a farmácia e até as plataformas de telemedicina “conversam” sem barreiras.
Não se trata apenas de tecnologia, mas de um modelo de gestão que busca eficiência, transparência e, sobretudo, qualidade no cuidado ao paciente. Afinal, quanto mais integrado for o fluxo de dados, maior a chance de decisões clínicas assertivas e processos administrativos sustentáveis.
O drama da fragmentação
Hoje, muitos hospitais brasileiros ainda vivem o drama da fragmentação de sistemas. É comum encontrar instituições em que o setor financeiro usa uma plataforma, o corpo clínico utiliza outra e o laboratório opera com um software completamente diferente. O resultado é a perda de tempo com duplicidade de registros, risco de erros humanos e, em casos extremos, impactos diretos na segurança do paciente.
De acordo com especialistas, a fragmentação não é apenas um problema operacional, mas também econômico. Repetir exames por falta de acesso ao histórico gera custos desnecessários, enquanto glosas médicas ligadas a falhas de comunicação entre sistemas podem comprometer a sustentabilidade financeira da instituição.
Visão 360°
Na gestão hospitalar, a interoperabilidade é cada vez mais vista como uma estratégia e não apenas como um recurso tecnológico. Ela permite que o hospital tenha uma visão 360º de sua operação, desde a entrada do paciente, na recepção, até a alta hospitalar e o faturamento junto aos convênios.
Essa integração possibilita, por exemplo:
Tomada de decisão mais rápida e embasada – médicos têm acesso imediato a exames e diagnósticos.
Redução de glosas e erros administrativos – informações mais consistentes entre setores.
Gestão financeira mais robusta – dados integrados ajudam no controle de custos e indicadores de desempenho.
Melhor experiência para o paciente – menos burocracia, mais agilidade e segurança.
A mesma linguagem digital
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Ministério da Saúde vêm estimulando a padronização e a troca eletrônica de informações, seja através da TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar) ou das diretrizes do SUS Digital.
Esses padrões não são apenas exigências burocráticas: são ferramentas fundamentais para garantir que hospitais, clínicas, laboratórios e operadoras de saúde possam falar a mesma língua digital, com segurança e confiabilidade.
Exemplos de ganhos
Hospitais que já investiram em interoperabilidade relatam ganhos expressivos. Em instituições que integraram o laboratório ao prontuário eletrônico, por exemplo, o tempo de entrega de resultados caiu significativamente, permitindo diagnósticos mais ágeis. Em outros casos, a integração entre sistemas clínicos e administrativos reduziu em até 30% as glosas, melhorando a sustentabilidade financeira.
Esses exemplos reforçam a ideia de que interoperabilidade não é um custo, mas um investimento que retorna em qualidade assistencial e eficiência de gestão.
O fator humano
Embora a interoperabilidade seja frequentemente associada a softwares e códigos, ela depende fortemente do fator humano. Médicos, enfermeiros, gestores e equipes administrativas precisam ser capacitados para usar as ferramentas de forma plena e integrada.
Há também a questão cultural: romper com práticas antigas e confiar em sistemas digitais requer um processo de adaptação. Nesse sentido, os hospitais que investem em treinamento e comunicação interna colhem resultados mais consistentes.
Os níveis de interoperabilidade
A interoperabilidade não acontece de forma única ou linear. Ela pode se desenvolver em diferentes camadas, cada uma trazendo avanços na integração de sistemas e no impacto da gestão hospitalar. De modo geral, são quatro os níveis:
Básico: é o ponto de partida, quando sistemas apenas conseguem trocar dados de forma simples. Nesse estágio, ainda é comum a necessidade de intervenção manual para dar sentido às informações.
Estrutural: aqui, já existe um padrão definido para o formato dos dados, o que permite que diferentes softwares “falem a mesma língua” e processem as informações de maneira mais ágil.
Semântico: nesse nível, não basta trocar ou estruturar dados. É preciso garantir que o significado das informações seja compreendido de forma clara e uniforme, reduzindo riscos de erro ou interpretações divergentes.
Organizacional: o estágio mais avançado, no qual a interoperabilidade deixa de ser apenas técnica e passa a estar integrada à estratégia da instituição. Os sistemas se alinham aos objetivos, aos fluxos de trabalho e à governança de dados, contribuindo diretamente para decisões mais rápidas e consistentes.
Desafios na implantação
Implementar interoperabilidade não é tarefa simples. Alguns dos principais obstáculos relatados por gestores incluem:
Alto custo inicial de integração de sistemas legados.
Resistência das equipes a mudanças.
Necessidade de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Falta de profissionais especializados em saúde digital.
Apesar das barreiras, a tendência é clara: a interoperabilidade está deixando de ser diferencial competitivo e se tornando uma exigência básica para a sobrevivência das instituições no mercado.
Um futuro orientado por dados
À medida que a inteligência artificial, o big data e a análise preditiva se consolidam no setor de saúde, a interoperabilidade se torna ainda mais indispensável. Afinal, só é possível treinar algoritmos de IA ou construir modelos de gestão preditiva com dados organizados, acessíveis e integrados.
Nesse cenário, o hospital que não investir em interoperabilidade corre o risco de ficar para trás, tanto no cuidado ao paciente quanto na eficiência de sua gestão.
Compromisso com a vida
Mais do que uma tendência tecnológica, a interoperabilidade representa um compromisso com a vida. Cada informação que circula com precisão entre setores e instituições pode significar um diagnóstico mais rápido, um tratamento mais eficaz ou uma gestão financeira mais equilibrada.
É um movimento que exige investimento, planejamento e mudança cultural, mas que se traduz em benefícios concretos para pacientes, equipes médicas e gestores.
A contribuição da Rivio
A Rivio entende que a interoperabilidade é parte essencial da transformação digital da saúde. Atuamos para apoiar hospitais e clínicas na integração de processos e sistemas, reduzindo glosas, aprimorando a gestão de custos e garantindo mais eficiência no cuidado ao paciente. Nossa experiência mostra que, quando tecnologia e gestão caminham juntas, os resultados são visíveis: mais qualidade, mais segurança e mais sustentabilidade para todo o ecossistema de saúde.