Como a lógica Nobel de Economia ilumina o caminho

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4 de nov. de 2025

Artigo especial

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Dicas de Auditoria Médica
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Confira trechos de artigo do médico Gustavo Meirelles, em conjunto com Gustavo Pedreira, demonstrando que a revolução tecnológica só irá prosperar quando o setor de saúde romper com seus incentivos do passado e adotar o caminho da destruição criativa.


A inovação contínua exige um equilíbrio delicado. É preciso haver concorrência (para forçar as empresas a inovar), mas também recompensa (lucros, patentes, liderança de mercado) para justificar o enorme risco e custo de P&D.

Podemos aplicar esse poderoso framework a um dos setores que mais vem enfrentando o vendaval da destruição criativa: a saúde.

O setor de saúde é o exemplo perfeito de dependência do caminho. Nossos sistemas, em todo o mundo, não foram desenhados de forma lógica, mas evoluíram ao longo do último século. Essa trajetória criou um conjunto de ideias antigas que são incrivelmente difíceis de escapar.

Qual a trajetória da qual dependemos? A saúde, no momento, é um sistema construído em torno do cuidado episódico e reativo. O modelo de receita dominante é o fee-for-service (pagamento por procedimento). O centro de poder econômico e cultural é o hospital. A regulação e os incentivos foram desenhados para uma era analógica, focada em aprovar moléculas e equipamentos físicos (hardware), não em validar algoritmos e softwares.

Essa trajetória foi bem-sucedida por muitos anos, mas agora colide frontalmente com a inovação. A tecnologia de hoje — IA generativa, saúde digital, telemedicina, genômica, dispositivos vestíveis (wearables) — não é desenhada para otimizar o fee-for-service, e sim desenhada para um modelo radicalmente diferente: cuidado preditivo, preventivo, contínuo e personalizado, baseado em dados e focado em valor (desfecho) em vez de volume (procedimentos).

É por isso que a inovação em saúde parece, por vezes, travada.

A telemedicina não encontra resistência por ser uma tecnologia ruim; encontra barreiras, pois ameaça o modelo de negócios da consulta presencial e sua forma de remuneração. A interoperabilidade de dados — capacidade de compartilhar um prontuário de paciente fluidamente entre sistemas — não falha por ser tecnicamente impossível, mas porque no modelo vigente os dados são usados como um ativo estratégico de retenção, um silo que funciona como barreira de entrada para proteger o status quo do hospital ou do laboratório.

Estamos vivendo o conflito definido pelo historiador econômico Joel Mokyr, um dos prêmios Nobel de Economia de 2025, em tempo real. A resposta não está apenas nas máquinas, mas na cultura e nas instituições, diz ele

Os luditas modernos não quebram máquinas; usam o lobby político, a captura regulatória e o controle de dados para impedir que os novos modelos de negócios, baseados em tecnologia, ameacem sua posição. A lógica do Nobel nos mostra que, se as instituições (agências reguladoras, ministérios e associações de classe) protegerem o incumbente em vez de facilitar a transição, condenarão o setor à estagnação.

Fazer em casa ou trazer de fora? Resposta: os dois

Diante desse cenário, a reação instintiva de muitos líderes é cair em um falso dilema: “Devemos focar em criar nossa própria tecnologia de ponta ou em adotar o que vem de fora?”

A lógica do vencedor do Nobel sugere que essa é uma escolha binária falha. Uma estratégia de inovação madura, seja para uma nação ou para um setor, deve operar em duas frentes simultâneas e complementares: a criação de tecnologia e a adoção ágil de novos produtos ou soluções.

1. A frente da criação: nenhum país pode ser líder em tudo. A criação de tecnologia fundamental, como os grandes modelos de linguagem (LLMs) ou o desenvolvimento de novos chips, é astronomicamente cara e se concentra em poucos lugares. No entanto, todo setor possui nichos de excelência. No Brasil, temos centros de P&D de classe mundial em áreas como agrotech, fintechs e, na saúde, em linhas como terapia celular, genômica tropical e software de gestão. Fomentar essa frente significa investir em pesquisa básica e aplicada, onde temos uma vantagem competitiva clara, gerando propriedade intelectual de alto valor.

2. A Frente da Adoção: ao mesmo tempo, para a vasta maioria das tecnologias (como cloud computing, ferramentas de IA generativa, plataformas de SaaS), a vantagem competitiva não está em reinventar a roda. A vantagem está em ser o melhor e mais rápido integrador.

A adoção ágil é uma forma crucial de inovação (inovação de processo). Em um setor complexo como a saúde, ser capaz de validar, integrar e escalar um novo algoritmo de IA em toda uma rede de hospitais, de forma segura e ética, em seis meses (em vez de seis anos), é uma vantagem competitiva mais poderosa do que tentar construir esse algoritmo do zero.

As duas frentes se alimentam. Ao adotar agilmente plataformas de IA globais, liberamos nossos desenvolvedores para criar aplicações específicas e de nicho em cima dessas plataformas, resolvendo problemas locais que o Vale do Silício jamais enxergaria.

O artigo completo de Gustavo Meirelles e Gustavo Pedreira para a MIT Sloan Management Review Brasil pode ser lido em https://mitsloanreview.com.br/inovacao-em-saude-como-a-logica-do-nobel-de-economia-ilumina-o-caminho/

Gustavo Meirelles é vice-presidente médico da Afya, fundador da Comunidade Inovação em Saúde, investidor e conselheiro de startups. Médico radiologista, com especialização, doutorado e pós-doutorado no Brasil e no exterior, é advisor da Rivio.

Gustavo Pedreira é executivo e pesquisador focado na transformação do setor de saúde, especialista em gestão estratégica e financeira e Embaixador da Comunidade Inovação em Saúde.



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