3 de ago. de 2025
Gestão hospitalar
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A Resolução Normativa nº 623/2024 da ANS redefine diretrizes para as operadoras de planos de saúde e para os hospitais contratualizados. A norma substitui a RN 395/2016 e estabelece um modelo mais rigoroso de acompanhamento, padronização de prazos e rastreabilidade nos processos de atendimento ao beneficiário. O objetivo central é ampliar a transparência, reduzir falhas assistenciais e aumentar a capacidade de resolução dentro das próprias operadoras.
Padronização de prazos e rastreabilidade
A RN 623/2024 determina prazos máximos para respostas às solicitações dos beneficiários:
5 dias úteis para procedimentos de baixa complexidade.
10 dias úteis para alta complexidade.
7 dias úteis para demandas não assistenciais.
A norma determina a emissão imediata de protocolo no início do atendimento e a disponibilização do acompanhamento da solicitação em tempo real. Termos genéricos como “em análise” deixam de ser aceitos.
Essas exigências requerem revisão dos sistemas internos, adequação dos fluxos operacionais e integração consistente entre canais de atendimento, priorização, auditoria e regulação, sob risco de autuações por não conformidade.
Reforço das ouvidorias e necessidade de respostas fundamentadas
A ouvidoria assume papel ampliado como instância de revisão de negativas. Toda recusa assistencial poderá ser reapresentada pelo beneficiário para nova análise, e a resposta deve ser clara, fundamentada e rastreável.
Isso demanda:
capacitação específica para as equipes de ouvidoria;
atualização dos protocolos de negativa e de revisão interna;
alinhamento entre SAC, auditoria, regulação e jurídico.
A expectativa da ANS é reduzir o volume de Notificações de Intermediação Preliminar (NIP) por meio de resoluções internas mais eficientes, o que amplia a responsabilidade das áreas envolvidas.
Incentivos à conformidade e punições ao descumprimento
A agência reguladora anunciou mecanismos de incentivo às operadoras que apresentarem redução consistente de queixas e melhora comprovada nos indicadores de atendimento. Paralelamente, prepara medidas sancionatórias mais rígidas para casos de descumprimento da RN 623/2024.
Para as operadoras, a conformidade deixa de ser apenas obrigação regulatória e passa a atuar como vantagem competitiva, influenciando reputação, relacionamento institucional e negociações com prestadores.
Como as operadoras e hospitais devem se preparar
Para garantir conformidade e evitar penalidades, é recomendável:
revisar fluxos de atendimento e autorização;
treinar equipes de SAC, ouvidoria e auditoria assistencial;
adotar soluções de automação para facilitar análises;
criar indicadores de tempo de resposta e resolutividade;
fortalecer a governança interna com foco em experiência do usuário e regulação.
A implementação consistente das diretrizes da RN 623/2024 oferece oportunidade de qualificar o relacionamento com o beneficiário, reduzir exposição regulatória e elevar o padrão de gestão. Para isso, é necessário mais que adequação documental: exige transformação efetiva nos processos internos e na cultura de atendimento das organizações.



