6 de nov. de 2025
Inteligência Artificial
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A mais recente edição da pesquisa TIC Saúde 2024 (os dados de 2025 devem ser divulgados em breve) traz alguns achados importantes para entender o uso de inteligência artificial (IA) entre médicos, enfermeiros e instituições de saúde no Brasil.
De acordo com o levantamento, coordenado pelo Cetic.br / NIC.br, apenas cerca de 4% dos estabelecimentos de saúde brasileiros informaram utilizar IA de forma institucionalizada.
De outra parte, entre médicos, o uso de IA (especialmente de ferramentas generativas) chega a 17% (14% na área pública e 20% no segmento privado). Entre enfermeiros, o percentual é bem parecido: 16%, sendo 11% em unidades públicas e 26% na área privada.
Esses dados indicam que, embora a adoção ainda seja baixa em termos institucionais, há um movimento crescente entre os profissionais de saúde para incorporar a IA em suas rotinas.
Quem faz a pesquisa TIC Saúde?
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade Informação (Cetic.br) é um departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), órgão vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Desde 2005, o Cetic.br é responsável pela produção de indicadores e estatísticas sobre a disponibilidade e uso da Internet no Brasil, e divulga análises e informações periódicas sobre o desenvolvimento da rede no país. Esses estudos são referência para a elaboração de políticas públicas que garantam o acesso da população à tecnologias como o computador, a Internet e o celular.
Por que a adesão à IA na saúde está crescendo
Alguns dos fatores que explicam a ampliação do uso da Inteligência Artificial merecem atenção:
1. Ganho de eficiência e alívio de tarefas administrativas
Ferramentas de IA, sobretudo as chamadas “gerativas” (como os chatbots, ferramentas de geração de texto, análise de linguagem natural), têm sido usadas para:
Apoiar a elaboração de relatórios médicos, prontuários ou notas clínicas — no levantamento, 54% dos médicos que usam IA relataram essa função.
Auxiliar em pesquisas ou na revisão de literatura, com 69% dos médicos apontando uso da IA para esse fim entre os que utilizam.
Permitir que os profissionais “ganhem tempo”, desperdício menor com burocracias, o que abre espaço para focar mais no cuidado ao paciente.
2. Otimização de recursos e melhoria de processos
Para instituições e sistemas de saúde (aqui e no exterior), a IA representa uma oportunidade de:
automatizar fluxos de trabalho repetitivos, liberando recursos humanos para o que mais exige sensibilidade humana. Na pesquisa brasileira, entre os poucos estabelecimentos que adotaram IA, 67% citaram a automatização de processos como uso.
reduzir custos ou utilizar melhor os recursos existentes. Por exemplo: no Brasil, levantamento indicou que 58% dos CEOs de empresas de saúde relatam ganhos de eficiência com IA.
apoiar o diagnóstico ou a triagem, ainda que de modo complementar. Relatórios internacionais mostram que a adoção está quase dobrando entre clínicos: 48% dos profissionais entrevistados em 2025 afirmam usar IA para alguma atividade.
3. Foco no cuidado com as pessoas, missão da medicina
Este talvez seja o ponto mais importante: quando bem aplicada, a IA ajuda a liberar os médicos, enfermeiros e demais profissionais para aquilo que fazem de melhor — o cuidado humano, o olhar, a escuta, a relação clínica e a decisão ética.
Se um sistema de IA otimiza os relatórios, sugere achados ou resume documentos, sobra mais tempo para que o profissional se conecte com o paciente — tema fundamental na saúde. Assim, a IA não vem para substituir o profissional, mas para aumentar sua capacidade de exercer aquilo que máquinas não fazem: empatia, julgamento clínico, vínculo e humanização.
Alguns desafios e “alertas”
Claro que nenhum avanço vem sem desafios, e o uso da IA em saúde ainda requer atenção para alguns pontos que aparecem na pesquisa. Confira.
A adoção mais ampla enfrenta barreiras institucionais: entre os estabelecimentos que não utilizam IA, as razões mais citadas foram falta de necessidade (59%), baixa priorização do tema (61%) e custo elevado (49%).
Capacitação ainda insuficiente: apenas 23% dos médicos e enfermeiros realizaram algum tipo de capacitação em informática em saúde nos últimos 12 meses (temas como segurança do paciente, privacidade, qualidade dos dados) segundo a TIC Saúde.
Questões éticas, de confiança e de regulação: em pesquisa internacional (Elsevier, Clinician of the Future 2025), 54% dos clínicos apontam que a IA melhora acurácia de diagnósticos; porém, ainda há ceticismo e lacunas de suporte institucional/regulatório.
Desigualdades de adoção: maior adoção em hospitais de maior porte, no setor privado e em unidades com mais recursos, o que pode aprofundar diferenças entre instituições. Por exemplo: a adoção pública de IA em estabelecimentos é de apenas ~1% frente ao ~6% no segmento privado segundo, segundo a TIC Saúde.
Por que isso importa para o “cuidado”
Para além dos gráficos e percentuais, o uso crescente de IA por médicos, enfermeiros e instituições de saúde significa algumas transformações concretas:
Menos tempo perdido com burocracia: profissionais mais livres para estar com o paciente, trocar olhar, ouvir, entender contexto — o que melhora a experiência e qualidade do cuidado.
Diagnósticos e relatórios mais ágeis: com ferramentas que ajudam a revisar literatura, gerar laudos ou apontar achados, há potencial para acelerar processos e reduzir atrasos.
Otimização de recursos públicos e privados: em um sistema de saúde que sofre com restrições — equipamentos, pessoal, tempo — a IA contribui como alavanca para “fazer mais com menos”, sem perder de vista o humano.
Equidade e acesso: Se a adoção se expandir para instituições menores, unidades de saúde de periferia ou rede pública, pode ajudar a reduzir desigualdades no cuidado — embora esse seja um desafio ainda em aberto.
Transformação do papel profissional: Médicos e enfermeiros não serão “substituídos” pela IA — mas poderão trabalhar em parceria com ela. Isso exige formação, mudança de cultura e confiança tecnológica, mas pode fortalecer a missão central da medicina: cuidar de pessoas.
Em síntese, a adesão da inteligência artificial entre profissionais de saúde no Brasil dá sinais de crescimento A combinação de ganhos de eficiência, otimização de recursos e foco no cuidado com as pessoas configura um movimento estratégico para o setor. Mas é igualmente importante abordar os desafios: investimento em capacitação, regulação, ética, suporte institucional e expansão para toda a rede, inclusive no sistema público.
Se bem conduzido, esse caminho pode contribuir para que a tecnologia esteja a serviço da medicina, e não ao contrário — reforçando a missão fundamental de saúde: a pessoa em primeiro lugar. E é neste contexto que a Rivio atua, fornecendo soluções em IA que permitem às organizações trabalhar com maior eficiência, menos perdas e um ciclo da receita otimizado, para que os profissionais da saúde possam se dedicar integralmente aos cuidados com os pacientes.



