5 de nov. de 2025
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Você já leu aqui neste blog um conteúdo sobre a mais recente versão da Classificação Internacional de Doenças (CID), no caso, a CID-11. Mas será que realmente ficou claro como essa classificação surgiu e de que forma ela está estruturada?
Até porque, se você já precisou de um prontuário médico, autorização de exame ou internação hospitalar, é bem provável que tenha se deparado com um código do tipo “CID-10: J06.9” ou algo parecido. Mas afinal, o que isso significa? Pois saiba que esses códigos vêm da Classificação Internacional de Doenças, mais conhecida como CID — um sistema criado para organizar e padronizar o registro de doenças, sintomas e causas de morte no mundo todo.
O que é CID?
A CID é um projeto liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua origem remonta ao século XIX, quando médicos e estatísticos perceberam que cada país usava nomes diferentes para as mesmas doenças, o que dificultava qualquer tipo de comparação internacional.
A primeira versão oficial foi publicada em 1893, ainda com o nome de “Lista Internacional de Causas de Morte”. Desde então, o documento vem sendo constantemente revisado e atualizado — e hoje já está na 11ª edição (CID-11).
Para que serve a CID
A função principal da CID é padronizar a linguagem médica. Ou seja, ela permite que profissionais da saúde, gestores, pesquisadores e até sistemas de faturamento hospitalar falem a mesma língua.
Quando um médico inclui um código CID em um prontuário, ele está informando de forma precisa qual é o diagnóstico, sem depender de descrições subjetivas. Isso facilita desde a troca de informações entre equipes médicas até a análise de dados de saúde pública — além de ser essencial para o ciclo da receita hospitalar, em que cada diagnóstico precisa ser classificado corretamente para fins de cobrança e auditoria.
Como a CID é organizada
Cada doença ou condição de saúde tem um código alfanumérico (formado por letras e números). Na CID-10, por exemplo, os códigos vão de A00 a Z99, e estão divididos em 21 capítulos. Cada letra inicial indica um grande grupo de doenças:
Capítulo I (A00 a B99): Algumas doenças infecciosas e parasitárias
Capítulo II (C00 a D48): Neoplasias [tumores]
Capítulo III (D50 a D89): Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários
Capítulo IV (E00 a E90): Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
Capítulo V (F00 a F99): Transtornos mentais e comportamentais
Capítulo VI (G00 a G99): Doenças do sistema nervoso
Capítulo VII (H00 a H59): Doenças do olho e anexos
Capítulo VIII (H60 a H95): Doenças do ouvido e da apófise mastóide
Capítulo IX (I00 a I99): Doenças do aparelho circulatório
Capítulo X (J00 a J99): Doenças do aparelho respiratório
Capítulo XI (K00 a K93): Doenças do aparelho digestivo
Capítulo XII (L00 a L99): Doenças da pele e do tecido subcutâneo
Capítulo XIII (M00 a M99): Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo
Capítulo XIV (N00 a N99): Doenças do aparelho geniturinário
Capítulo XV (O00 a O99): Gravidez, parto e puerpério
Capítulo XVI (P00 a P96): Algumas afecções originadas no período perinatal
Capítulo XVII (Q00 a Q99): Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas
Capítulo XVIII (R00 a R99): Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte
Capítulo XIX (S00 a T98): Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas
Capítulo XX (V01 a Y98): Causas externas de morbidade e de mortalidade
Capítulo XXI (Z00 a Z99): Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde
Uma curiosidade: o Capítulo XXII (U04 a U99) abrange códigos reservados para propósitos especiais da OMS.
Confira alguns exemplos de codificação de doenças pela CID-10:
A09: Infecções intestinais de origem inespecífica
B20: Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), resultando em doenças infecciosas e parasitárias
C34: Neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões
D50: Anemia por deficiência de ferro
E11: Diabetes mellitus não-insulino-dependente
Além disso, cada grupo é subdividido em categorias mais específicas. Por exemplo, J06.9 corresponde a “Infecção aguda das vias aéreas superiores, não especificada”. Em síntese, o código é como um “CEP” das doenças: mostra onde ela se encaixa dentro do grande mapa da saúde.
A evolução para a CID-11
A versão mais recente, CID-11, foi lançada pela OMS em 2022 com foco em modernização digital. Ela traz códigos mais detalhados, compatibilidade com sistemas eletrônicos de saúde e novos capítulos, como o de condições relacionadas à medicina tradicional. Essa atualização facilita o trabalho de hospitais e operadoras de saúde, tornando o registro e o faturamento mais precisos — algo essencial em tempos de integração entre tecnologia e gestão hospitalar.
Como vimos, a CID é muito mais que uma lista de doenças. É um instrumento de comunicação global que ajuda médicos, gestores e autoridades a entenderem melhor o panorama da saúde no planeta. E na era da informação, em que cada dado conta, usar a classificação correta é sinônimo de eficiência — não só no diagnóstico, mas também na gestão hospitalar e no planejamento de políticas públicas.



