A inteligência artificial (IA), que há pouco tempo parecia distante dos consultórios, hoje lidera avanços reais no cuidado com as pessoas. Mostra disso é a edição 2025 dos Campeões da Inovação Médica, concurso promovido pela revista VEJA Saúde, que premiou duas iniciativas diretamente conectadas com o uso de IA.

A IA já se tornou um recurso vital para diagnósticos, monitoramento e eficiência de cuidados e atendimento. Os resultados concretos são menor tempo de tratamento, mais pessoas alcançadas, novas descobertas genéticas, entre outros.

Diagnóstico remoto com IA: enxergando mais longe

Um dos destaques da premiação foi o projeto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),  que venceu a categoria Tecnologias Diagnósticas. Os pesquisadores criaram um sistema inteligente para rastreamento de retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira evitável no mundo.

Com uso de retinógrafos portáteis, as imagens dos olhos são enviadas automaticamente para a nuvem, e de lá algoritmos de IA fazem a triagem dos casos suspeitos.

O impacto é impressionante: o tempo médio entre o exame e o início do tratamento caiu de 20 para 9 dias, ampliando o alcance e a velocidade do diagnóstico em regiões com poucos oftalmologistas. Isso representa melhora em acesso e eficiência, dois pilares da medicina preventiva.

Monitoramento cardíaco inteligente

O premiado da categoria Categoria IA na transformação da saúde foi o Instituto do Coração (InCor), ligado à Universidade de São Paulo. A instituição desenvolveu um protocolo que combina smartwatches, algoritmos preditivos e prontuários eletrônicos para acompanhar pacientes após cirurgias cardíacas.

Os dados coletados em tempo real (como ritmo cardíaco e nível de atividade) são analisados automaticamente por sistemas inteligentes que identificam sinais precoces de arritmias e complicações pós-operatórias. 

Essa integração entre wearables (dispositivos tecnológicos usados no corpo) e IA clínica transforma o acompanhamento médico em um processo contínuo e personalizado, reduzindo readmissões hospitalares e salvando vidas.

Outras inovações para a saúde 

Além dessas duas iniciativas que fazem uso direto da IA, o prêmio também reconheceu projetos que mostram outras frentes de inovação médica no país:

Impressão 3D para o coração fetal (PUC-Rio)

Utilização de modelos tridimensionais de corações fetais com malformações para apoiar gestantes e equipes médicas na compreensão do diagnóstico. A iniciativa humaniza o pré-natal e fortalece o vínculo entre família e profissionais de saúde.

Genética da longevidade (USP)

Pesquisa de genoma de centenários saudáveis para identificar fatores genéticos ligados à longevidade. Os achados podem orientar novas estratégias de prevenção e envelhecimento saudável.

Terapias celulares CAR-T (Camargo Cancer Center)

Desenvolvimento de técnica para evitar a “exaustão” das células CAR-T, usadas em tratamentos de câncer. O avanço permite que as células mantenham maior potência e duração no combate aos tumores.

Educação em saúde digital (FMUSP Santos)

Plataforma interativa com vídeos, jogos e modelos 3D voltada à prevenção de doenças em escolas e comunidades. O projeto já impactou cerca de 30 mil pessoas, promovendo educação em saúde de forma acessível.

Saúde fluvial na Amazônia (ONG Zoé)

Utilização de barcos-hospitais com atendimento médico e cirúrgico a comunidades ribeirinhas e indígenas isoladas. Em 35 expedições, já beneficiou mais de 15 mil pessoas, ampliando o acesso à saúde básica na região Norte.

Esses exemplos mostram que a inovação não está restrita às grandes metrópoles nem a laboratórios de ponta. Ela surge onde quer que a tecnologia encontre a criatividade, a empatia e o espírito de transformação, em prol do cuidado humano.  

O futuro da IA na saúde brasileira

Os Campeões da Inovação Médica 2025 reforçam o fato de que a IA não substitui o olhar humano, mas o amplia. 

De algoritmos que enxergam o que o olho humano não vê até sistemas que aprendem com cada batimento cardíaco, a inteligência artificial está ajudando a construir um sistema de saúde mais rápido, preventivo e equitativo, tanto na área médica quanto na gestão hospitalar, como a que propõe a Rivio.

Se antes a inovação médica parecia distante da realidade brasileira, hoje ela já está nos ambulatórios, nos rios da Amazônia, nos dispositivos de pulso de milhares de pacientes e nas esferas operacionais de hospitais e clínicas, ajudando o ciclo de gestão. 

Nesse cenário, a IA é o instrumento que permite fazer mais, melhor e para mais gente, tornando-se um aliado poderoso para uma medicina mais inteligente, humana e acessível.