2 de ago. de 2025
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A Classificação Internacional de Doenças (CID) é um sistema estruturado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para padronizar a identificação, o registro e a análise de doenças, lesões e causas de morte reconhecidas pela medicina.
Até então, estava em vigor a CID-10, publicada em 1992 e atualizada periodicamente por especialistas de diversos países.
Após um processo de revisão amplo, no qual a OMS recebeu mais de 10 mil propostas de ajuste, a nova versão, a CID-11, passou a vigorar em janeiro de 2022.
Principais mudanças
A CID-11 ampliou sua abrangência e reuniu cerca de 55 mil códigos clínicos e epidemiológicos. Entre os avanços mais relevantes estão:
Estrutura de codificação simplificada e suporte a ferramentas digitais, o que facilita a busca, a codificação e a integração com sistemas eletrônicos de saúde.
Inclusão do transtorno por uso de jogos eletrônicos como condição relacionada à saúde mental.
Alinhamento global às classificações de resistência microbiana, para trazer mais consistência internacional.
Capítulos inéditos, com temas como medicina tradicional e saúde sexual.
Disponibilidade 100% eletrônica.
Debate sobre o código relacionado ao envelhecimento
A implementação da CID-11 gerou controvérsias, especialmente em torno do código MG2A, inicialmente descrito como “velhice”. A redação foi criticada por entidades científicas, como a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, que apontaram riscos de:
Estigmatização etária, ao sugerir que o envelhecimento seria uma condição patológica.
Distorsões estatísticas, caso o código fosse utilizado como causa de morte de forma indiscriminada.
Implicações assistenciais e regulatórias, incluindo interpretações inadequadas em contratos de planos de saúde.
Em 16/12, após manifestações de organizações internacionais e sociedades médicas, a OMS revisou o termo para “declínio da capacidade intrínseca associado ao envelhecimento”. A nova redação preserva o entendimento de que o envelhecimento, por si só, não constitui doença, mas pode influenciar a vulnerabilidade a condições clínicas específicas.
Conclusão
A atualização da CID representa um movimento relevante para a padronização global de informações em saúde, com impacto direto na prática clínica, na vigilância epidemiológica, na formulação de políticas públicas e nos registros administrativos.
Apesar das controvérsias que acompanham cada revisão, o sistema permanece como uma das principais ferramentas de referência para profissionais de saúde em todo o mundo.



